quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Sereia

Estupidificado pela melodiosa cantilena avançou com passos seguros até à amurada e debruçou o tronco para ouvir melhor. A primeira dentada levou-lhe a orelha esquerda e o marinheiro inclinou a cabeça para a direita. Num gesto vigoroso a sereia voltou a saltar fora de água e, bocarra tremenda, mandíbula implacável, lá levou a cabeça toda ao imbecil. O timoneiro, rapaz jovem, surdo de nascença e mudo por imposição do silêncio no interior da cabeça, admirou o sutiã impecável da sereia e sorriu. O corpo do companheiro meio devorado heistava entre ficar no barco ou procurar as partes que agora lhe faltavam na companhia da mulher com rabo de bacalhau. O timoneiro acenou ao monstro. Mas, todos sabemos, os monstros não entendem um aceno. Não entendem nada. Apesar disso a sereia muda o sutiã todas as semanas e come marinheiros ao pequeno-almoço e baleias azuis lá mais prá hora do jantar.

1 comentário:

Jo-zéi F. disse...

bom texto para uma bd.
estas sereias esfomeadas s�o mesmo lixadas, chi�a!!!, sempre a enfardarem. Malinas!!!